terça-feira, 13 de março de 2007

Diálogo de um pessimista com a sua inconsciência

Luis Baridó

Não sei quando falo eu ou quando fala a minha inconsciência, delimitar um espaço entre ela e eu seria por demais arbitrário para a minha compreensão incompreensiva. A dúvida não é mais mero artefato metodológico para a construção da ciência e do progresso humano. Sim, uma pergunta, quem foi o idiota, o imbecil, o canalha que acreditou nessa história de progresso? Progresso da violência, da incompreensão humana, do orgulho de ser um nada isolado de outros nadas, vivendo uma vida de nada tendo o nada como o objetivo. Sim, continuamos nos perguntando porque estamos aqui, se somos alma ou se somos corpo, talvez seja melhor deixar isso de lado e irmos para um bar porque talvez amanhã tudo isso acabe. E continuamos assim, prosseguimos. PÁRA! Prosseguimos? Prosseguir não está ligado a uma orientação definida, ou vamos mudar o conceito, reinventar. Isso! Vamos reinventar o velho e o novo e nada mais. Reinventamos com aquilo que já ouvimos falar e tudo nos parece novo. Os economistas, os jornalistas, os psicólogos e até, veja só, os sociólogos nos dizem o que acontece. Tudo isso porque esses, a quem chamam inteligência, coitada da raça humana, ter seres tão desprezíveis como sua inteligência, seres que só fazem ter dúvidas, ou melhor que só fazem cuspir certezas de que eles mesmos não estão certos, afinal o que importa não é a verdade, até porque como diria o gênio da humanidade, aquele chamado o grande Einstein já diria: “a realidade é somente uma ilusão”. Grande, esses são os nossos gênios, e aquilo a que nos chamamos de social, nós cremos nele, Você já viu o social? Já conversou com ele? Perguntou como ele passou a semana? Ou melhor, porque não a social, afinal é machismo falar “o”. Talvez a boca tem a força de mudar o coração, ou não?
Quando a desgraça é nossa gritamos com uma pressa, e invocamos uma justiça universal, aquela que deve estar no mundo das idéias de Platão. Nunca andando pela rua tropecei e disse: “Opa! Desculpe-me dona Justiça! Como vai a Família?”. Lutamos com a nossa própria cognição do mundo. Buscamos conceitos, verdades universais, e o máximo que conseguimos é crer. Não! Não! Não podemos crer. Somos homens e mulheres de ciência, modernos, laicos, filhos do progresso, inteligentes, bonitos, fashions, e o mane que mora ali num casebre sem luz? Ah! Esse é um desgraçado. Ele existe mesmo? Talvez seja uma miragem.
Crença! Por isso continuamos lutando e continuaremos até que quem é de poder, ao contrário do que falam por aí “Quem é de direito!”, nesse caso é quem é de poder mesmo, aquele que pode chegar e acabar com essa nossa palhaçada. Até porque é dessa maneira que temos resolvido sempre nossos problemas: pela VIOLÊNCIA! Sem ela não somos nada. Não mas nós homens modernos. Calma! Modernos não! PÓS-MODERNOS! Não resolvemos as coisas pela violência. Claro não precisamos disso, somos civilizados. Somos cultos. E pessoas cultas não resolvem as coisas dessa forma. Claro, resolvem através da discussão. Da conversa. Balela! Isso sim! É óbvio! Não preciso da minha mão, pelo menos provisoriamente, quando tenho as palavras para te destruir. Uso aquilo ao que o Schop, é o Schopenhauer, chamou de dialética erística. Venço um debate sem precisar ter razão.
Mas aí você dirá: “A técnica é neutra, pode ser usada tanto para o bem quanto para o mal”, mas nisso meu amigo você voltou para aquele campo chamado: CRENÇA! O que é o bem? O que é o mal? Diga-me. Vai! Eu te desafio. Mas nós não pensamos dessa forma. Afinal sabemos o que é o bem e o que é o mal, não é verdade.
E acabamos nos isolando. O mundo de nossa subjetividade é bem mais belo que a sua intolerância. Enfiamos a faca que está na nossa mão em nossas próprias costas. Claro! Nossa consciência nos acusa. É melhor pensar que somos legais, tolerantes, NO preconceito. Enquanto jogamos pedras naqueles que discordam da gente. Olha só a imagem: O progressista, esse sim, esse ser iluminado, tolerante, científico, esse mesmo olha para o outro e diz: “Seu reacionário imbecil” e humilha e massacra com todas as suas armas. Que bela tolerância que esse grande amante da humanidade tem para com seu próximo. Mas nós dizemos: “Se fazemos isso é para o bem dele mesmo”, “Fazemos isso porque amamos a humanidade”. Sim muitos homens já amaram a humanidade dessa forma: Napoleão, Hitler, Stálin e tantos e tantos outros. Amaram a humanidade. A sua própria humanidade. Afinal, acho que só eles eram humanos. “E uma outra coisa que você esqueceu seu imbecil de meia tigela que está aqui escrevendo coisas irrelevantes, acima de tudo precisamos ser moderados, não podemos ser radicais, fundamentalistas, nem com a tolerância.”. Homem contemporâneo quão imbecil você é. Racionaliza suas crenças. Sim. Isso sim. Max Weber, você esqueceu de completar sua frase: “Na época moderna há a racionalização do mundo (eu completo: das crenças!)”. O homem moderno é tão crente quanto o homem antigo, se não fosse pelo fato de nosso tempo produzir em larga escala um tipo de homem chamado de cínico. Sim. Aquele que não acredita em nada. Dizer que ele não tem valores é burrice. A crença é algo tão dentro do homem que ainda não inventaram uma pinça para tirar ela lá de dentro. Para esse cínico, o único valor é ele mesmo. Ele acredita em si mesmo, por mais baixa estima que pareça ter, a única verdade que ele consegue ter é o seu umbigo. Só um breve comentário: falar sobre mil e uma variáveis em um tipo ou em alguns tipos chega a ser ridículo, mas nós homens de ciência não inventamos nada melhor do que essa porcaria, isso sim é conhecimento aproximado, me desculpe Bachelard, nem sei o que fala naquele livro, o qual é melhor nem citar o nome, para não demonstrar a futilidade de minha fala, ou melhor, minha escrita.
Eis a questão aqui: o problema do conhecimento. Nem sei porque isso parece levar a tantas outras questões, na arte, na física, na comunicação, na ciência em geral. Esse sempre foi um dos maiores problemas do homem. Percepção, cognoscibilidade, sensorialismo, essencialismo, idealismo, materialismo, a base é sempre fundada na crença, não fugimos disso, e me desculpe senhor cínico destruir suas maiores e mais elevadas pretensões, nem você foge dela. De quem? Da CRENÇA!
Acho que preferimos continuar procurando soluções no mundo das idéias porque uma idéia é impessoal, nosso mundo é cada vez mais impessoal, mas não consegue se despersonalizar. Despersonalizamos e o mundo real se mistura com o virtual, perdemos o rumo e tudo mais. Mas é difícil aceitar que talvez a solução seja uma pessoa, não só as idéias dela, mas ela mesma. Nietzsche era um bom ladrão. Sabia roubar conceitos, fundamentos. Roubou – será que conseguiu mesmo? – a idéia central do cristianismo. O que é central nele é uma pessoa. E ele mais um filho do iluminismo, bastardo sim, que se auto-excluiu das mentalidades comuns a sua época, deu a humanidade seu super-homem. Ele pelo menos foi um dos poucos que teve coragem de levar o racionalismo ao extremo, muitos tiveram medo e pararam no meio do caminho. Mas ele não. Colocou de vez o umbigo do homem no centro do universo. Buscou a personalização pela via unicamente do humano e a dúvida engolfou o homem. Este se achou em seu vazio existencial, e se suicida de diferentes formas, com a tv, a internet, o bar, lembra? Todos esses são neutros. Sim! E o homem é vazio. Neutralidade + Vazio = NADA! Pura insignificância. Por isso cantamos que viver não faz sentido, então faça o que te der na telha que amanhã tudo acaba mesmo.
Bebemos cada vez mais o fel do vazio. O entorpecimento precisa aumentar cada vez mais, e mais, e mais, e mais, e mais, e não sabemos onde isso vai parar.
Então paramos e perguntamos: “Tem alguém aí?”.

sábado, 3 de março de 2007

Um novo mundo é possível!?

Luis Baridó

Vivemos em uma época complicada, mas qual época não o foi? Fome, miséria, guerras, nada disso é novo, sempre ocorreu este tipo de coisa e infelizmente sempre ocorrerá. Pode ser que esta seja uma visão pragmática, mas prefiro dizer realista. A luta contra estes fatos imponderáveis é parte integrante da vida humana, tão complexa e difícil de se entender.
O homem busca sobreviver, alguns dizem que em paz, mas isto não é algo verificável, principalmente porque, normalmente vê-se os seres humanos em conflitos, grandes ou pequenos, sempre em conflitos. Talvez as pessoas queiram realmente viver em paz, tranqüilidade, mas isso depende de que forma estas pessoas querem esta paz. No mundo moderno ou pós-moderno o processo de individualização é bastante desenvolvido, o que gera uma multidão de opiniões de como seria essa paz. Quanto mais individualizados forem os “indivíduos”, maior será a multiplicidade de conceitos diferenciados sobre paz, pois maior será o número de representações sobre a realidade. Não que em certa medida, sempre, cada indivíduo tenha uma forma de se representar a realidade, mas no individualismo as divergências entre as mais variadas representações se tornam cada vez maiores, perde-se uma representação coletiva de apoio a representação individual.

Sem dúvida é impossível, ao menos logicamente, existir estabilidade em uma sociedade com um sem número de conceitos e atitudes que visam chegar a esta estabilidade. Não que para existir tal equilíbrio em uma sociedade, o único meio seja existindo apenas um conceito e uma única prática. O problema relacionado aos conceitos, que leva a instabilidade, não é serem estes múltiplos, o problema é o individualismo doentio que se verifica na sociedade, se assim me é permitido falar. A multiplicidade em si é normal. As diferenças existem para que todas as pessoas tenham vez na sociedade, uma pessoa sabe fazer um trabalho muito bem, outra sabe fazer outro tipo de trabalho também muito bem. Dessa forma cada pessoa é uma parte do todo.

O problema com o individualismo é que este perverte as diferenças. Uma pessoa muito individualizada corre o risco de pensar que é diferente de outra porque é melhor, sendo que na verdade não se pode ser o melhor em tudo. Para quem pensa que sim, faça um teste. O problema do individualista é que ele engana a si mesmo e finda por prejudicar os outros, uns mais, outros menos, porque ao invés de aplicar suas melhores habilidades em favor de todos, ele achando que suas aptidões existem somente para garantir a sua própria sobrevivência usa-as unicamente em benefício próprio.

Existe um discurso sofismático que defende a superioridade de algumas pessoas sobre outras em condições normais, mas quais seriam essas condições? Por mais orgulhoso que se seja e mais capacitado que se possa ser sempre haverá algo em que o ser humano precisará da ajuda de outrem, ou se mais orgulhoso ainda for o sujeito este limitará muito as suas possibilidades pois decidirá fazer somente aquilo que é capaz de fazer sozinho.

É claro que o que foi dito por último é bastante exagerado, pelo menos dentro da “normalidade”. Mas o interesse aqui é desmistificar a idéia da super independência do individuo. Em certo sentido, diria em um sentido bastante amplo, que muito tem faltado quanto a atitudes voltadas para o social, isto não digo dos Governos, pois destes realmente tem faltado, mas falo sobre os indivíduos integrantes desta sociedade moderna ou pós-moderna, que é o interesse na presente discussão. Destes muito pouco se vê fazer pelo social, não falo de alívios de consciência, mas falo de atitudes reais, periódicas, freqüentes. E nisto as atitudes das pessoas realmente precisam mudar, não é meramente questão de ajuda aos pobres, ou dar de comer a quem tem fome, mas sim denunciar a corrupção, o descaso de quem tem a obrigação legal de trabalhar em prol do bem público, combater atitudes que prejudicam o bem estar da sociedade como um todo.

Muito há que se pensar sobre este assunto, e isto é algo que tem faltado, e digo isto porque o muito que se tem pensado, parece ter sempre em vista a manutenção das atuais condições. Muito há que se discutir e muito há que se fazer para mudar a atual conjuntura, provavelmente é necessário descobrir qual seja a atual conjuntura. Talvez seja Utopia pensar que os “Indivíduos” possam agir “socialmente”. E esta é a pergunta que se põe: Um novo mundo é possível?

quinta-feira, 1 de março de 2007

POR QUÊ? (13/01/2005)

Por quê?
Por que aquela noite?
Por que aquela tarde?
Por quê?

Ah, aquela noite!
Choro, sofrimento, angústia...
Tristeza de morte!

Aquela tarde...
O que sobre ela falar?
Só consigo chorar!

Dor, ansiedade, desespero
Guerra, ódio, rebelião...
Sofrimento...
Abandono...
Morte...

Porque tudo isso sobre o teu coração, meu mestre?
Tanto, tanto, tanto sofrimento...

Por quê? Por que a cruz?
Porque Eu, meu filho, te amei tanto!
Te amei com tudo o que tenho!

É! Mesmo com todo o desespero
Ele não se desesperou!
Ele amou!
Amou os homens de tal forma...

Amor que rasga meu coração...
Quanto amor!
Quanto amor!
Quanto amor!